O fim da corrente

O meu primeiro beijo, de verdade, foi aos onze - e não aos doze como sempre contei - com a namoradinha do meu irmão. Lembro que foi espontâneo e lembro também que logo depois o pai, mãe dela a chamou pra casa pra fazer não sei o quê, jantar, sei lá e eu fui pra minha casa escovar meus dentes esperando ganhar outro beijo depois. Hoje não lembro mais o nome dela.

Perdi a virgindade com treze anos de idade com a empregada do ultimo andar do prédio. Não usei camisinha. Lembro que duas semanas depois ela dizia estar grávida e que eu fiquei bem desesperado com a idéia. Meus amigos debochavam incansavelmente de mim. Ela era muito, muito feia, mas muito, muito gostosa. Depois de mim, acho que todos eles comeram a Vani.

Aos dezoito fiz o tal teste de DNA e rezei para que a criança fosse meu filho, mas não era. Então achei justo pegar de volta as roupinhas do Cruzeiro que eu havia comprado pro menino que tinha (tem) o nome do meu pai e (tinha) meu sobrenome. O resto deixei lá.

Depois disso namorei todas a mulheres que eu podia. Namorei negras, brancas, loiras, morenas, perfumadas, fedorentas. De princesinha a caixa de sacolão. Quem lê isso não faz idéia dos tipos. A mais cabulosa foi uma moreninha que entregava marmita no Barro Preto.

Já fiquei com mulher casada, me apaixonei por colega de trabalho, fui traido, já trai, já chorei por chifre e voltei mesmo sendo corno, já fiquei pelado na webcam, já me masturbei em frente ao computador, uma vizinha até já me viu e contou pra minha namorada, já namorei duas mulheres ao mesmo tempo, já fiquei com três mulheres ao mesmo tempo.

Eu acho que por isso tudo é que até os vinte sete anos de idade eu nunca tinha falado um eu te amo - de verdade - pra alguma das minhas namoradas. Mas também não me arrependo disso, creio que quando aconteceu, aconteceu no momento certo, e se eu disse, eu disse porque eu acreditava no que eu sentia. Hoje não tenho duvida alguma. Te amo.