3 de out. de 2008

Sobre a paixão de Carolina

Jair e Carolina não era um casal comum sob os olhos da pequena cidade de Jatobá, na divisa da Bahia com Minas Gerais. Ele, além de ser mais baixo uns vinte centímetros que ela e ter um pequeno problema para se locomover, era calvo e com o rosto muito marcado pela pouca idade e pela acne.

Tanto que certa vez João Barbeiro, um dos melhores amigos, disse: ô Jair, cê né homi certo e nem mari’deal pá Carolina, não. Cê num tem beleza pr’aquele muierão!

Aaaah, Carol!

Carol era a menina que todos os homens da cidade queriam um dia dar uma trepadinha, por mais rápida que fosse. Moreninha das coxas grossas, Carolina tinha dezenove aninhos, cabelos castanhos encaracolados e a bunda perfeita para o mais indecente sonho. Tinha também seios de pêrinha e a pele sempre brilhante, num tom de jambo quando maduro. Há uns três anos Carolina Kelly de Assis, Carol, chegou com o pai a Jatobá. Há dois, Carolina Kelly de Assis Machado, Carolina, era casada com Jair, para a revolta do pai e dos homens da cidade.

Para piorar a desgraça do povo, ela sempre foi muito forte, sempre simpática e educada com as pessoas de Jatobá.

Não tinha homem que ao ver Carolina passar, parava para cumprimentá-la e observar o gostoso rebolado daquela moreninha. Tão gostosa que era, até as mulheres, enciumadas, paravam pra comentar sobre o comprimento do vestido ou o tamanho do seu sorriso. Também paravam os cachorros da Praça Osório de Queiroz, que sempre vinham ao seu encontro para receber algum afago ou nome carinhoso dado pela senhora esposa do Jair Manco.

Carolina conheceu o então futuro esposo no dia em que o caminhão, que levava ela e o pai para a construção da represa de Novo Agrado, passou por cima de Jair e sua barra forte vermelha. Depois do acidente os dois não se separaram mais. Carolina cuidou de tudo. Cuidou da casa, da comida, da roupa e das cicatrizes de Jair.

O pai quando soube que tinham marcado o casamento, rosnou: Ô mia fia, qui cê ta fazeno da sua vida? Quê futur’aquele homi pode te dá? Um manco, torto entrevado!

Mas nem o pai e nem a cidade podia imaginar o que ligava Carolina aquele homem.

Eles não sabiam o que ela sentia quando era a mulher de Jair. Não sabiam o que ela sentia e como se sentia quando estava na cozinha preparando a comida do marido ou quando ela estava na cama, sendo submissa, sendo comida pelo seu macho insaciável. A beleza que Jair não exibia na rua, ele mostrava só pra ela em casa. Fazia um excelente trabalho de amante e marido. Dava atenção, dava prazer e dava carinho a Carol. Coisa que nenhum homem antes tinha feito por ela. Com isso, a sua adoração por Jair só aumentava. Era de dar inveja a carola mais fiel a São Sebastião de Jatobá.



(um dia eu termino isso, mas mais tarde, ou amanhã, conserto os erros de português)

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